Preparo antes do treino

Boa tarde praticantes da arte suave.
 
Sou fã de artes marciais desde pequeno. Fiz judô por um bom tempo enquanto criança. Depois treine king fu durante a adolescência, na época em que Bruce Lee e companhia eram os grandes astros. A cultura do MMA era pouco disseminada ainda. Como podem ver esse que vos fala já tem um certa idade kkk.
Depois veio a faculdade e trabalho e fiquei muito afastado das lutas em geral. Em razão do meu horário de trabalho, nunca houve mais possibilidade de treinar qualquer arte marcial. Fiquei mais naquela de começa e pára musculação, somente pra não ficar no sedentarismo total, mas confesso que ultimamente nem isso venho fazendo.
Sempre fui muito curioso pelo jiu-jitsu. Gosto do estilo da luta, baseada em alavancas, chaves, etc. mas principalmente por se tratar de um jogo que preza muito mais a inteligência do que força, o que me pareceu muito interessante, considerando que meu tipo físico não é dos mais privilegiados, entretanto, desde o judô, sempre focava meus treinos na técnica, justamente porque quando ela é bem aplicada, ela permite que vc vença mesmo quando outros fatores como força ou idade não estão a favor.
Moro no interior de SP e aqui temos apenas uma academia de jiu. Há algum tempo, o professor mudou os horários de treino, que passaram a começar às 20:00, horário em que já sai do trabalho. Me empolguei pra começar o jiu, mas a empolgação durou pouco.
Começando pela parte boa da academia: o clima. Realmente, pelo pouco tempo que fiquei lá, percebi que a galera é bem gente fina. Pessoal trabalhador. Há um clima de grande família. Todo mundo se cumprimenta e há disposição para ajudar durante o treino. O professor parece saber muito, mas meu ponto de vista é suspeito. Pra um branca recém-chegado qualquer um sabe muito. Cada vez que ele passava alguma técnica, eu ficava vidrado pra absorver aquilo. Queria fazer 100 repetições com meu parceiro de treino pra conseguir aquela chamada memória muscular. Pelo pouco que vi o pessoal treinando, percebi que ter os movimentos bem memorizados e bem executados são a chave pro sucesso no jiu.
Tudo o que pensava realmente estava ali: uma arte que preza a técnica e inteligência ao invés da força. Era o que eu realmente queria.
Contudo, o modo pelo qual o professor conduzia os treinos, com todo o respeito, é o que me fez desanimar do jiu neste pouco tempo.
A rotina era quase sempre a mesma. A gente chegava um pouco antes pra montar o tatame e tal. Aí o pessoal ficava ali sentado. Quem queria se alongava, fazia uns movimentos que nunca tinha visto, aquecia um ou outro músculo, etc. Mas quando começa o treino, não havia alongamento, aquecimento, etc. Bem pra não dizer que não havia aquecimento, às vezes a gente corria um pouco em volta do tatame e pronto. Noutras, fazia alguma atividade como passar embaixo da perna do pessoal (parece que existe uma técnica pra fazer isso, mas ninguém me ensinou, fiz de qquer jeito). Daí a gente já ia pro rola. Sem alongar pescoço, perna, ombro ou fazer um abdominal, flexões de pescoço pra fortalecer, etc. A técnica, era passada dia sim, dia não. É aí que comecei a desanimar.
Lembro que quando fazia judô, com um japonês dos mais tradicionais que vcs possam imaginar (a gente apanhava até de vara de bambú), havia todo um período de aquecimento e exercício de diversos grupos musculares, alongamento de perna, ombro, pescoço, bíceps, etc. Depois tinha o treinamento de entrada de golpes novos e só depois, vinha a luta, tanto de pé quanto chão.
Não acredito que isso seja somente frescura. Já tenho 35 anos. Em razão de tanto estudar e ficar lendo o dia inteiro (meu trabalho exige) já adquiri até uma protusão de disco na cervical (o disco começa a sair do lugar e pinça o nervo). Pelo médico, eu nunca faria um esporte de contato e torção como o jiu. Mas eu comecei  de teimoso, justamente por gostar da arte. Sei que muita gente se machuca no treino, às vezes ganha uma contusão, etc. Sem problema. Tô acostumado com luta de contato em razão de alguma semelhança com a luta de chão do judô. Durante o único mês que treinei aqui, levei cotovelada na boca de faixa roxa enquanto passava a guarda, pé na cara de companheiro lutando ao lado, etc. Isso não me incomoda, faz parte do jogo. O que tá me desanimando é que durante não há um trabalho pra minimizar os riscos de contusões, estiramentos, etc.
Muitas vezes machucar é inevitável, queria apenas que fizéssemos o mínimo de nossa parte pra minimizar os riscos disso acontecer ou de piorar uma lesão (como a que eu já tenho no pescoço). Chegar no rola, quando todas as articulações são colocadas em situações extremas, sem um bom trabalho de alongamento e fortalecimentos, é pedir pra ter problemas, e ficar posteriormente afastado dos treinos, na minha opinião.
Bem chega de ficar reclamando. Na verdade eu criei esse tópico pra saber se essa é realmente a realidade do jiu? A coisa é um pouco largada nesse sentido que eu coloquei no tópico? É lgo meio que “cada um que se vire”? O foco é somente nos rolas? Será que estou procurando algo no esporte que os praticantes e professores não dão atenção?
 
Já antecipo o agradecimento pelas respostas.
 

abço

Fala meu amigo,
Entendo o que fala, também penso igual a voce. Eu sou faixa branca e quebrei o braço em janeiro desse ano, e agora estou pronto pra voltar. Confesso que a rotina de determinadas academias não motivam, parece um negocio meio tipo "vai la se vira" e isso realmente não eh bom. Vim fazer JJ agora com 26 anos e na academia que treino aqui no Rj aprendi a cair, rolar, alongar... Durante os treinos, sem ficar isolado, o mestre passava a tecnica e acompanhava. Enquanto os mais antigos faziam o aquecimento ele acompanhava a execução desses fundamentos e na parte da posição do dia, todos se juntavam, inclusive eu, rsrs, totalmente zero em conhecimento do JJ. Mas tentava fazer.

Estou louco pra vestir o Kimono e voltar pros tatames. Mas nao desiste nao existem boas academias de JJ.

um abraço e boa sorte!

O problema é que infelizmente moro no interior e, na falta de outras academias, bateu desânimo mesmo...